A imagem paralisou Mas as pernas do tempo continuam a caminhar Nunca se está naquele mesmo lugar Que rumo o acontecido tomou? O olhar imobilizado A beleza lírica e singela Se eu fosse um pintor copiaria a sua boca Mas fotografias não revelam a voz, e o odor e o ardor Ah... se tivessemos um gravador Se tivessemos papel e caneta E não fossemos tão mortais A figura se desconfigurou As mãos acenaram da janela de trás Pensar em ver outra vez jamais O destino se desvirtuou A natureza delinquente A inquietude autofágica Moveu-se num ato inconsequente A última nota fria e trágica E ecoou o grito na imensidão concreta Desmoronou o corpo em desilusão discreta O protagonista se apunhalou