Em cima da estante onde o papai guarda suas tralhas Tem um tabuleiro com o nome de ouija Acho que é aquele que ele sempre dizia Conversar com mamãe mesmo depois de sua partida Sempre que ele sai tranca a porta do teu quarto Esconde a chave e eu nunca encontro nenhum rastro Aquilo vem me deixando louco, perturbado E eu preciso descobrir como chegar do outro lado Mesa do jantar pra três Murmurando pelos cantos outras vеz Nunca me sinto só Se dirigindo a mim quase sеmpre com o plural vocês Mamãe que era aquela pessoa tão sempre cuidadosa Nunca deixava nada fora do lugar Deixava o lanche da escola em cima da mesa Enquanto o papai tão cedo saia pra trabalhar A tarde chega e logo chegando em casa Via sempre uma torta na janela a esfriar Mamãe dizia: Amor vá logo se trocar Lave bem as mãos depois da torta fazia o jantar Na terça-feira pegava seu Ford car Deixava um bilhete e sua amiga ia visitar Uma tal velha que mexia com magia antiga Fazia mandinga e entre outras paradas Em uma tardezinha voltando da escola Vejo uma grande multidão fazendo uma roda Sirenes de ambulância por todo lugar Mamãe entre as ferragens, já sem vida Mamãe, mamãe vou buscar você Mesmo no céu ou na terra te encontro e tu crê Mamãe, mamãe rompi a barreira que separa nós dois Mas preciso correr No lago das almas penadas Eu nado enquanto me afundo em lágrimas E um pedaço da alma se foi Garotinho, eu protejo esse mundo qual o seu desejo Cuidado aqui é fundo Garotinho, não siga esse caminho volte ao mundo real Aqui é o mundo é imundo Caronte me leve ao campo mais alto A minha mãe eu preciso encontrar Cerberus não aponte as cabeças com raiva Eu só sou um menino que o vazio já matou Me perdi no labirinto do vale dos ventos que quase me trancou No comiterio de fogo o meu corpo quase que se desmanchou Já não sinto meu corpo e os sentidos no peito comigo acabou Acabou, e todos sentidos perdidos e não vejo mais O Sol, e a falta que sinto da vida ao que eu temia É o que eu temia, e a falta que sinto da vida ao que eu temia Acordei, em um hospital logo depois do acidente Me virei e vi meu pai tão descontente E logo a frente eu pude ver uma silhueta que logo sumiu rapidamente Na minha cara uma luz tão eluzente Ouvi algo sobre perda de memória, recente Quero ir logo pra casa minha mãe vai fica tão contente Em cima da estante onde o papai guarda suas tralhas Tem um tabuleiro com o nome de ouija Acho que é aquele que ele sempre dizia Conversar com mamãe mesmo depois de sua partida Acabou, e todos sentidos perdidos e não vejo mais O Sol, e a falta que sinto da vida ao que eu temia É o que eu temia, e a falta que sinto da vida ao que eu temia