André Teixeira

Manhã de Rodeio

André Teixeira


Com a palha e em cima os gravetos
O fogo amanheceu armado
E, num upa, com os tocos secos
O galpão ficou iluminado
Nesta manhã querendona
Os galos chamaram os peões
Pra conversar com a cambona
Bem recostada aos tições

Depressa formou-se a roda
Dos tomadores de mate
E os pitos de fumo-em-corda
Com a cuia o tempo reparte

Do sangrador já se escuta
O moqueio das chamas tontas
Frigindo os nervos da nuca
E as duas ripas das pontas

Com a erva usada e a água morna
E o assado que não tem mais
Os cavalos, todos na forma
Dão a orelha pra os seus buçais

Um peão destorce as rodilhas
De um laço que não tem dono
E um outro desapresilha
O cabresto do cinamomo

O capataz pegou o grito
Minha gente, bamo s’imbora!
Ficando ali um peão solito
Maneando os tentos da espora

Se foram... Esporas cantando
O canto das suas rosetas
E a cuscada ía pulando
No freio de um sotreta

Ficou só, pulseando as vacas
O peão caseiro da estância
E o sereno molhando as patas
Da alvorada que vem mansa
Na porteira da invernada
Se esparrama toda a escolta
Mate-amargo, carne assada
Café bem doce na volta!

Eeeera vaca!... Ibahahá!
Grita forte a peonada
Pega-pega Humaitá!
Que o sol já vem na canhada

O gado vai levantando
Com esta radiosa manhã
E, aos poucos, vai se fechando
O rodeio da tarumã

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