Quando no quedamos pensativos Pelos pelegos da arte entre um mate e outro Pouco importa o costeio, o canto chorado Botando na rédea a palavra acha a volta Murcha as orelhas e se acolhera nos versos! Por si mesmo a palavra traduz desalentos de amor e discórdia Provoca a verdade, arrisca-se a tudo e a todos consola Atravessa a mágoa onde a lágrima fala amarga e sangrante Revela-se em prosa naquilo que gosta com todas as letras Por si mesmo a palavra traduz pensamentos idéias e cores Imagens cortantes, as mais retirantes do seu dia a dia Ás vezes, silêncio, mistura segredos nas coisas guardadas E sofre o castigo de haver escondido os livros na alma Ah! Palavra rasgada Linguagem urgente Tratando da gente Ao ferir e curar É compadre, a palavra é como égua É preciso ter uma, pra recolher as outras! A palavra é do tempo, o que temos agora Na hora em que sobram esteios aos seus É aquela que espera na curva da estrada E perdoa o regresso de um filho seu A palavra é o sentido do jeito que for Na sombra interior de cada indivíduo É a memória da estima correndo pro abraço Nas linhas do passo do rastro perdido É aquela que toca o que brota da pele Que tece em teares lugares e apegos De um sul milongueiro de vida encordoada Num som de guitarra templada nos dedos.