Moreno

Poeta do gueto

Moreno


Eu sempre busco um jeito de desabafar 
Desestressar, sei lá, cantar para relaxar 
Com papel e caneta na mão eu vou rimando 
Cantando, versando, não sei bem o que vou fazer  
Eu não vou falar de vacilão não 
Eu não vou falar de facção não  
Pois cada um é cada um é cada um 
Não tenho a ver com isso 
Considero todos eles manos meus 
Alemão, Americano, Japonês ou Judeu  
A guerra racial é um genocídio 
É a cultura cometendo um suicídio 
Caminhando e cantando eu vou olhando de cima 
Tentando eu vou, continuar com minha rima  
Eu não vou falar de vacilão não 
Eu não vou falar de facção não  
O rapper é um poeta do gueto Mas suas condições sociais Habitat, estilo, vivência e dialeto 
O faz cair no esquecimento 
Em meio à violência social o homem vai vivendo na moral  Preste atenção irmão, preste atenção irmã 
Para o que agora eu vou perguntar 
O quê é um gueto? 
Um lugar de refúgio, um lugar de medo 
Um lugar para amargar todos os nossos sofrimentos 
E esse gueto é você, que não quer perceber 
Fica aí com sua cegueira cognitiva 
Quando acordar malandrão você me avisa  
Eu não vou falar de vacilão não 
Eu não vou falar de facção não  
Pois facção é facção, depende do prisma 
De que lado estamos vendo, seguimos a rima 
Não tem muita diferença ao meu ver 
Um bandido de Ferrari ou de CB 
Um bandido de Armani, Rolex ou Huggo Boss Nike, Redley, Cyclone ou Bad Boy 
A essência é a mesma irmão 
O mal não tem uma marca não  
A violência do país não começa na favela 
Começa na história, começa na colônia 
Começa no salário que é uma bagatela 
Não estou fazendo apologia a vacilão 
Pois vacilão tem que pagar indo para prisão 
Mas quem é vacilão? quem é mais errado? O vacilão fardado? O vacilão togado? Ou o vacilão que faz escolha indo para o caminho errado? 
Eu tenho que parar, não quero mais rimar 
Não quero mais cantar, e dizer que  
Eu não vou falar de vacilão não Eu não vou falar de facção não