A Casa Grande é branca e branda como a seda Acolchoada, fina e nobre como a renda Mas aqui fora reina a lei da reprimenda Da palmatória, nossa paga, nossa prenda Doutores, caros, fortes, ricos e senhores Que suspirais pelas janelas dos amores Orai por nós, marcados por terríveis dores De vós vêm nossas esperanças e temores Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco Os nossos sonhos já desfeitos, todos loucos Na Casa Grande há uma cruz numa parede Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco Os nossos sonhos já desfeitos, todos loucos Na Casa Grande há uma cruz numa parede No coração do negro há uma Casa Nova Sem palmatória, sem corrente obrigatória Sem mais senhores, todos são, de todo, amigos E nas paredes não há cristos esquecidos Não, não há Nessa fazenda Deus é gente aproximada É tempo inteiro, tarde, noite e madrugada Motivo, encontro, comunhão e caminhada Faz liberdade ser bem mais que uma palavra Ai, ai! Os nossos corpos redimidos num momento Bem mais veloz que a luz de todo pensamento A nossa Casa é muito mais que uma fazenda Os nossos corpos redimidos num momento Bem mais veloz que a luz de todo pensamento A nossa Casa é muito mais que uma fazenda É liberdade!