Avenida sapopemba não me esqueço aquele dia Abuso o PM me chamando de vadia Revista proibida, passava a mão e ria E eu engolindo a seco a tua soberania Madrugada fria, os gritos que ninguém ouvia Eu tentava fugir mas já não conseguia Cedia, doía, também no coração E eu como vítima sentia a culpa sem razão E ele me ameaçava, não era pra eu dizer nada Ele sabia onde eu morava, qualquer coisa ele voltava Alí decidi não ia denunciar Pensei em me vingar, pensei em me matar Ele ria como um cão a me acariciar Meu vermelho nas tuas mãos escorria devagar E eu naquele chão, com vergonha, com medo Meus olhos, espelho, de todo desespero E ele saiu levando o que eu tinha de puro Minha roupa rasgada, meu corpo todo sujo Me queria com a intenção de machucar Ave Maria como Deus não pôde me escutar? Queria ter tido forças pra fugir do inimigo Queria ter um pai pra ter raiva do pervertido Mas sou só uma moça que pediu pra ser abusada Andava sozinha na rua de madrugada A culpa é minha, a culpa é minha Sociedade diz que a culpa é minha Culpa minha culpa minha Na periferia meninas da culpa Pediram ajuda, mas ninguém ouvia A culpa é minha, a culpa é minha Sociedade diz que a culpa é minha Culpa minha culpa minha Na periferia meninas da culpa Pediram ajuda, mas ninguém ouvia Os movimentos violentos se estabeleciam Nos meus pensamentos com o tempo confundiam Tentava me esquecer mas a pele marcada Sempre me lembrava que eu fora violentada Abusada. Como se eu não fosse nada Eu implorava. Mas ele não parava No espelho eu não me olhava mais Sou meu inimigo a ausência da minha própria paz Naquela invasão eu perdi tudo Dizem que eu procurei, que eu gostei daquele abuso Com o busto a mostra vestindo roupa curta Por um momento acreditei que eu fosse a dona da culpa O machismo ainda existe sim Senhor Ele atrasa, deixa marcas, é devastador Luto por nosso valor no dia a dia Como Frida que gritou a escuridão que ela sentia A sociedade é uma mão na nossa boca Querem nos calor e ocultar a nossa força Moça, se levanta, sabe o teu valor Toma coragem pra gritar a sua dor Dessa violência que acontece com frequência Até pelo padrão que nos impõe com veemência Talvez a culpa seja da impotência Dessas mulheres escravas da violência A culpa é minha, a culpa é minha Sociedade diz que a culpa é minha Culpa minha culpa minha Na periferia meninas da culpa Pediram ajuda, mas ninguém ouvia A culpa é minha, a culpa é minha Sociedade diz que a culpa é minha Culpa minha culpa minha Na periferia meninas da culpa Pediram ajuda, mas ninguém ouvia