Claudete Soares

Velho Arvoredo

Claudete Soares


Eu te esqueci muito cedo
Pelo tempo que passou
Tal como um velho arvoredo
Que o vento não derrubou
Tronco mudado em rochedo
Pedra transformada em flor
E eu fui ficando sozinho no pó do caminho
Me desenganando, sofrendo e chorando
E mantendo em segredo
Essa minha ilusão
Que me escapou de entre os dedos
Pra não sei que outras mãos
E eu me tornei o arremedo
De tudo aquilo que eu não sou
Mas eu jamais retrocedo
O que passou passou
Já superei, mas só eu sei
O mesmo jamais eu serei
Feito a madeira o machado inclinando
Eu por fora estou cicatrizando
E por dentro sangrando, afastado do medo
Mas sozinho, tal como o velho arvoredo
Que não serve ao tempo nem ao lenhador
E o vento abandonou

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