José Afonso

Tecto Na Montanha

José Afonso


Num lugar ermo 
Só no meu abrigo 
Aí terei meu tecto 
E meu postigo 

De longe em longe 
À luz das madrugadas 
Duas camisas 
Quem não tem lavadas? 

Aí serei meu dono 
E companheiro 
Dizei amigos 
Se não sou solteiro 

E se eu morrer 
O tecto que não caia 
Porque um mendigo 
Dorme de atalaia 

De quando em quando 
Chamo o perdigueiro 
Dizei amigos 
Quem chega primeiro 

Aí terei meu poiso 
À luz da veia 
Aí verei o sol 
Duma janela 

Tenho uma trompa 
Tenho uma cascata 
Tenho uma estrela 
No bairro da lata 

Olha o mar alto 
Olha a maresia 
Olha a montanha 
Vem rompendo o dia

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