Foi sempre uma onda leve e incerta Vem, e quando vai embora trata De mandar o mar trazer outras águas Eu, aquela mergulhadora que tinha medo do mar Mas nunca renunciou ao prazer de se render aos seus encantos Eu deixava o corpo leve e me entregava A tua onda vinha e quando ia, levava meu corpo Quase morto de movimentos relutantes Eu te seguia e quando a Lua te tornava Um tsunami, eu sucumbia e afundava Cantei os meus encantos e me fiz sereia Mas mais cedo ou mais tarde o fazer se desfaz Descobri que nunca fui sereia E a mesma onda que tocava o meu rosto Num suspiro pelo atrito das águas, não sei se volta Espero ao menos estar gravada em uma concha Numa lembrança que não me afunde