"Enterre a mim Enterre a vida que não quer viver Que em cada ato impõe seu desprazer Descrente que um milagre vá remendar O que o tempo condenou Na veste de agressor Desmancha o que era eu E sigo a recolher os meus pedaços Os passos, os rastros, os traços Que só sei achar neste rosto Que com o meu se iludiu Que a vida uniu, só pra morte separar Dor que enraíza em mim Que o tempo se faça apressado Leve o presente e assim Eu posso viver do passado Que quiser partir Pra descobrir a grandeza em se dar Viver, desbravar a vastidão do amor Esse que ainda não vê Insiste em reger O anseio por aguardar A ausência dele se desfazer Me enlaçar Entre os braços me acolher Sei que é doentio Negar o meu vazio E ser feliz como eu já fui Mas mesmo assim Me deixe só Com as sombras Que eu mantenho em mim Me deixe só com as sombras Que eu mantenho em mim Ouve a mim e ao meu amor O que viveu em mim Minha morte ampliou Não há por que sofrer Entre tantas perdas e tanto fim A vida resguardou você Ouve a mim e ao meu amor O que viveu em mim Minha morte ampliou Não há por que sofrer Entre tantas perdas e tanto fim A vida resguardou você E eu sei que cada despedida Requer bem mais que uma oração Entenda não se entende a morte O seu dom, sua sorte, o seu ganha pão Mas se em teu peito há amargura No meu está a preocupação E eu sigo a dar conforto A quem parece entretida com a desilusão A morte cai do céu A morte leva ao chão Muito mais de quem prossegue em vida Mais do que alguém que já viu conclusão A morte cai do céu A morte leva ao chão Mas, por certo, não há de levar a minha gratidão Ouve a mim e ao meu amor Ouve a mim e ao meu amor Ouve a mim e ao meu amor Ouve a mim e ao meu amor"